domingo, 30 de março de 2008

CRIANÇA E ADOLESCENTE




Dados da Delegacia Especializada mostram que problemas não atingem só as classes menos favorecidas, mas também mais abastados


Maioria das agressões é provocada dentro da própria famílias ou por pessoas próximas à ela


Da Redação

Todos os dias uma criança ou adolescente é vítima de crime em Cuiabá. Estatísticas da Delegacia Especializada em Defesa e Direitos da Criança e Adolescente (Deddica) apontam que 381 boletins de ocorrência que resultaram em 129 inquéritos e outras 132 diligências. A cada 22 horas alguém que não pode se defender é molestado, agredido ou violentado. Os agressores geralmente são as pessoas que deveriam educar. A maior parte dessas vítimas é formada por meninas, de origem mais humilde, explica o delegado titular da unidade policial Márcio Cambahúba.

Ele avalia, no entanto, que a idéia de que a violência só atinge as classes desfavorecidas é completamente equivocada. Existem registros, sim, de pessoas de classe mais abastada, com ensino superior e boa condição social.

Ele cita ainda que já foi registrado o caso de uma mulher como agressora. Ela fez com que um menino de cinco anos praticasse sexo oral nela.

A vergonha e o medo são sentimentos que acabam ajudando agressores a continuarem agindo impunemente. Em muitos casos, quando se descobre a vítima já vem sendo abusada há anos. Pessoas conhecidas como pais, padrastos, tios, primos e avôs são os principais abusadores. Geralmente, pessoas com quem a criança mantém contato e respeita. Ameaçadas de agressão, de morte, muitas se calam.

Apesar do número de registros, a quantidade exata de vítimas é desconhecido já que muitos casos são tratados, ainda, como problemas de família que devem ser resolvidos longe uma unidade policial. Essa informação evidencia outro problema. Muitas vezes quando o caso chega a delegacia já se passaram anos. Um exemplo dessa dramática situação trata-se do caso de duas irmãs, de 11 e 14 anos que foram violentadas pelo pai biológico por pelo menos 2 anos. A família reside na cidade de Chapada dos Guimarães (64 km de Cuiabá). A garota mais velha, após dois anos de abusos, teve um filho de seu pai.

A situação só chegou a conhecimento da polícia, depois que a segunda filha passou a ser molestada e denunciou o caso para seu irmão mais velho. O primeiro crime contra a menina de 11 anos foi cometido no quarto de sua mãe. Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), a mãe tinha conhecimento sobre o sofrimento das filhas. Ele foi condenado. Entretanto, a legislação brasileira determina que o período máximo de reclusão é de 30 anos. Ele ainda pode recorrer.