sexta-feira, 18 de abril de 2008

Primeiras-damas revoltadas com ‘faceta dupla’ de Percival Muniz



“Quem sempre lutou por cargos para a própria mulher e, quando prefeito de Rondonópolis, nomeou-a como secretária, não tem autoridade moral para tentar excluir as mulheres de outros colegas da vida púbica”.

A reação indignada partiu da presidente da Associação das Primeiras Damas dos Municípios de Mato Grosso (APDM), economista Deusa de Fátima Prado Marques, de Denise, ao defender que as mulheres de prefeitos continuem tendo o direito de participar da administração pública, ao lado dos companheiros.


Quem defende uma ação quando está no poder Executivo e outra no Legislativo, para a presidente da APDM, possui uma dupla face de difícil entendimento para a população.


Deusa de Fátima Prado assegura ser contrária à prática do nepotismo, porém, favorável ao trabalho das mulheres ao lado dos maridos.

“Primeiro, tem que se definir o que é nepotismo: na minha avaliação, nepotismo é empregar um parente e pagar-lhe sem trabalhar ou, então, nomear uma pessoa sem capacidade para determinado cargo; fora isso, não passa de ‘jogo’ para opinião pública”, observa ela.


“A definição de nepotismo é muito vaga, na legislação”, pondera. “Quem tem capacidade, qualificação e eficiência, não pode fazer parte do staff? Será que é correto punir alguém pelo simples grau de parentesco?”, emenda Deusa Marques.


Em consulta à maioria das 133 primeiras-damas municipais, a presidente da entidade constatou que mais de 90% deseja trabalhar com os esposos, na Prefeitura Municipal. “Há uma revolta latente demonstrada pelas colegas”, argumenta ela.


“Será que o deputado Percival ainda pensa que estamos no início do século passado, quando a mulher era considerada útil apenas para ser ‘piloto de fogão’, sem espaço para atuar fora do ambiente familiar?”, questiona Deusa Marques.


Atualmente, quase 100 mulheres de prefeito são responsáveis direta ou indiretamente pela área social, nos municípios. “Elas fazer um papel extraordinário na administração municipal e, em muitos casos, sem qualquer remuneração”, pondera.


Segundo ela, a mulher tem sensibilidade para detectar problemas que, às vezes, o homem demora um pouco mais para reconhecer ou constatar.


Especialista em Gerência de Cidades, Deusa de Fátima Marques cita seu próprio exemplo, porque trabalha para a Prefeitura de Denise como secretária de Planejamento e Projetos.

Todavia, atua na área social como voluntária do marido Israel Antunes Marques. A construção de mais de 200 casas populares e 20 com bolsa de materiais (BMC) surgiram de sua participação no Conselho Municipal de Habitação.
No próximo dia 22, em reunião em Cuiabá, a APDM irá retomar o Movimento ‘Pró Primeiras Damas’, iniciado em agosto de 2007, para que “empregar esposa” não seja considerado nepotismo.


Além disso, a APDM irá protocolar ofício no gabinete do Presidente da Assembléia, deputado Sérgio Ricardo (PR), solicitando que seja apresentada uma emenda ao projeto de lei que supostamente acaba com o nepotismo, permitindo que os prefeitos e o governador de Mato Grosso tenham autorização para nomear até três parentes na administração pública.