terça-feira, 29 de abril de 2008

Casos não estão restritos ao meio rural

Casos não estão restritos ao meio rural

DANA CAMPOS
Especial para o Diário

Alojamento em condições humilhantes, falta de apoio médico, transporte de risco, falta de equipamento de segurança são alguns exemplos de situações que podem ser consideradas como trabalho análogo ao escravo. Para esclarecer quais outras atitudes que podem ser consideradas como regime semelhante ao de escravidão, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público do Estado (MPE), com o apoio da Assembléia Legislativa, lançaram ontem, a campanha publicitária “Quem aceita o trabalho escravo ajuda a cavar esta cova”.

Segundo o procurador-geral de Justiça, Paulo Prado, a sociedade ainda desconhece as condições em que muitos trabalhadores se submetem para conseguir um “ganha-pão”. “A necessidade de sobrevivência dessas pessoas faz com que elas aceitem viver em condições desumanas”, afirmou.

Conforme dados do MPT, mais de 120 pessoas foram resgatadas de áreas rurais e que trabalhavam em condições degradantes só este anos, em Mato Grosso. De acordo com Prado, o trabalho escravo não está apenas no campo. “Um trabalhador da construção civil que aceita trabalhar sem o cinto de segurança, por exemplo, também se submete ao trabalho escravo”, comparou. Para ele, o empregador que não garante condições seguras de trabalho está agindo contra a lei.

Para o procurador-chefe do MPT, José Pedro dos Reis, a campanha, além de informar quais as características em que se enquadra o trabalho escravo, servirá também para desarticular muitas quadrilhas que aproveitam da fragilidade dos trabalhadores. “Há muita gente envolvida nesse processo e que os ministérios, juntamente à Justiça, estão investigando”. Segundo Reis, há o envolvimento de empresários do setor de turismo de regiões mais afetadas, como Barra do Bugres e Alta Floresta, neste tipo de crime. “É um trabalho articulado, eles atuam em conjunto com os fazendeiros e vendem a idéia de um trabalho digno. Quando os trabalhadores chegam a realidade é outra”, destacou.