segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

IML registra 1.012 mortes violentas




Homicídios lideram o ranking com 382 registros, seguidos dos acidentes de trânsito, que somaram 283


46 morreram afogados e 100 deles tiveram como causa morte outra forma, como acidentes de trabalho, queimaduras ou quedas


Ana Paula Bortoloni
Da Redação

Um total de 1.012 pessoas foram vítimas de mortes violentas na Grande Cuiabá em 2008. Os homicídios lideram o ranking das causas dos óbitos, com 382 registros, seguido pelos acidentes de trânsito, que somaram 283. Queimaduras, suicídios, acidentes de trabalho, todos os tipos de quedas, choques elétricos e outros foram responsáveis por 129 do total. Já as mortes indefinidas ou consideradas naturais correspondem a apenas 159 e os afogamentos 59. Os números fazem parte de um levantamento que a reportagem de A Gazeta fez diretamente no livro de registros do Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá.

Os dados revelam que os homens são as principais vítimas. Do total de óbitos, eles somaram 821. Foram 334 homens assassinados, 224 morreram em acidentes de moto, carros e atropelamentos. Outros 117 tiveram a causa da morte classificada como não identificada ou natural. Afogados morreram 46 homens e 100 deles tiveram como causa morte outra forma, como suicídios, acidentes durante o trabalho, queimaduras, ou quedas, estatísticas que a reportagem convencionou chamá-las de outros casos.

As faixas etárias em que ocorreram a maior parte dos homicídios foram as de 19 a 25 anos e de 26 a 30. Já os acidentes registrados no trânsito de Cuiabá, Várzea Grande e região mataram mais homens com idade acima dos 40 anos, o mesmo que aconteceu com os casos não definidos ou naturais e os outros. Já com relação aos afogamentos, não foi possível observar a maior incidência, porque eles aconteceram em diversas idades.

O levantamento apontou uma média de 80 ocorrências por mês durante 2008. Agosto foi o que teve mais mortes, alcançando um total de 104 registros. Só os homicídios foram 34, sendo que o trânsito violento foi o responsável por vitimar 29 pessoas durante o período. O segundo mês em que foram registrados mais óbitos foi outubro, com 99 vítimas, sendo que naquele mês os assassinatos alcançaram número recorde, com um total de 43 mortes. A média de acidentes de trânsito na Baixada Cuiabana foi de 25 por mês.

Na avaliação do comandante regional da Polícia Militar de Cuiabá, coronel Osmar Lino Farias, o levantamento feito no IML está correto. Segundo ele, os motoristas menos cuidadosos no trânsito são os que já possuem a carteira de habilitação há bastante tempo. A essas pessoas, apontou, não são muito eficazes as campanhas de conscientização das leis de trânsito. "O governo gasta muito com campanhas educativas, mas elas só adiantam para quem está tirando carteira de motorista agora. Os que já estão nas ruas há mais tempo não aprendem, pode gastar o dinheiro que for".

O coronel Farias lembrou que um balanço feito pela Polícia Militar apontou que o número de acidentes de trânsito em Mato Grosso aumentou em 66% em 2008 em relação ao ano anterior. Foram 20.339 no ano passado contra 12.238 em 2007. Juntos, os comandos regionais de Cuiabá e Várzea Grande somaram 7.762 ocorrências e foram responsáveis por 33,17% do total registrado em todo o Estado.

Ele garante que o alto índice não tem a ver com falta de fiscalização e aponta o contrário. "É só olhar para a quantidade de veículos abordados, notificados e apreendidos e as carteiras de habilitação que apreendemos".

No total, em Cuiabá e Várzea Grande, foram apreendidas 2.448 CNHs, 2.926 veículos, outros 25.312 notificados e 136.144 abordados, conforme os dados da PM.

Causas - A falta de atenção, imprudência, desrespeito às regras e dirigir em alta velocidade são os grandes responsáveis pelos acidentes de trânsito em Cuiabá, conforme o comandante regional. No ano passado, 151 pessoas foram presas na Capital após serem flagradas dirigindo alcoolizadas. Em Várzea Grande, foram 39 prisões deste tipo, sendo que o total no Estado foi de 723, o que significou um aumento de 202% em comparação com o ano anterior. Só no período que compreendeu a implantação da Lei Seca no Brasil - entre 24 de julho e 31 de dezembro de 2008 -, as prisões somaram 166 nas áreas atendidas pelos comandos regionais em Cuiabá e Várzea Grande, de um total de 430 em Mato Grosso.

Em todo o estado, o número de pessoas presas por homicídio culposo (sem intenção) no trânsito chegou a 108, 25% a mais que em 2007. As que foram responsabilizadas por lesões corporais foram 1.001, 8,5% a mais que os 923 do ano anterior.

Ainda com relação aos acidentes de trânsito, as vias consideradas como sendo as mais perigosas são as avenidas que concentram o maior número de veículos. A principal, conforme o coronel, é a Fernando Corrêa da Costa. "Sem dúvida é a que ganha disparado. Ali acontecem acidentes com muita frequência".

Também foram citadas as avenidas do CPA, Miguel Sutil, Carmindo de Campos e Beira Rio. "Nós não temos nenhuma avenida em Cuiabá que permita 80 km/h e tem cidadão que anda a 140 km/h. O limite da Fernando Corrêa é de 60 km/h".

Questionado se a falta de investimentos da prefeitura para modernização das vias também contribui para as ocorrências de acidentes, o coronel foi enfático ao negar. "Isso não é desculpa. Temos sim vias deficientes, mas o grande responsável pelas ocorrências é o próprio motorista, não é a falta de sinalização".

Na avaliação do comandante-geral da Polícia Militar em Mato Grosso, coronel Antônio Benedito Campos Filho, o número de registro de acidentes tende a reduzir neste ano, porque segundo ele houve uma melhora na infraestrutura da corporação e aumento da fiscalização nas ruas. O estado está contratando policiais em período de folga para trabalharem como voluntários nas ruas. Ele garante que o fato não prejudica o trabalho nem a saúde do oficial, já que os dias de folga continuam sendo cumpridos em escala diferente.

Embora sem analisar os dados profundamente, uma vez que um balanço oficial em parceria deve ser divulgado na próxima semana, o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Márcio Pieroni, disse que em relação a 2007 os assassinatos aumentaram na região. Ele afirmou ainda que os registros em Cuiabá diminuíram, mas na cidade vizinha, Várzea Grande, aumentaram, o que elevou os índices.