domingo, 18 de janeiro de 2009

Comunitários levam "chá de cadeira" e Sanecap não esclarece reajuste


Redação 24HorasNews


A ausência de justificativa plausível para o reajuste médio superior a 20% na tarifa de água e esgoto fez com que nem mesmo a presidente da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecp), Eliana Nunes Rondon, debatesse o tema com a diretoria da União Cuiabana de Associações de Moradores e Bairros (UCAMB). Eliana Rondon fugiu da discussão marcada para as 10h desta sexta-feira (16/01/2009), pelo próprio prefeito Wilson Santos, com diretores da Ucamb.

"Estivemos na Sanecap, por mais de uma hora, levando um "chá de cadeira" na sala de espera da presidente da empresa. Mas, mesmo tendo sido marcada pelo prefeito, a reunião não aconteceu, por causa de subterfúgios criados pela senhora Eliana Rondon", reagiu Martins de Souza. Diante do descaso, a diretoria se retirou.

Para o presidente da Ucamb, o episódio configurou desrespeito a todas as comunidades cuiabanas, como um todo, não apenas à diretoria da entidade. Édio Martins observa que a reunião marcada para hoje deveria ter ocorrido em dezembro, antes de definir o índice de reajuste. "O prefeito, que se diz democrático, deveria ouvir as comunidades que pagam suas contas antes de dar a "canetada" com o aumento. Discutir a situação, depois, soa no mínimo como demagogia", critica Martins de Souza.

Martins explicou que, se ocorresse a reunião, iria convidar a Eliana Rondon para visitar, pessoalmente, alguns bairros para que perecem com a falta do precioso liquido, para que ela constatasse "in loco" a verdadeira realidade.

Na próxima terça-feira, às 16h, a Ucamb vai entrar com representação no Ministério Público do Estado, junto à Promotoria de Defesa do Consumidor, sob responsabilidade do Promotor Alexandre Guedes, para tentar derrubar o decreto que consumou a majoração tarifária.

Na avaliação da assessoria jurídica da Ucamb, o simples fato de o menor valor a ser pago como taxa básica os atuais R$ 11,20 para R$ 16,00 já configura uma majoração de 43%.

"Foi um abuso cometido pelo prefeito Wilson contra os consumidores, penalizando, principalmente, as famílias de baixa renda", argumenta o primeiro secretário da Ucamb, Jonail da Costa Silva. Ele afirma que existem casos de consumidores que sofreram majoração superior a 150%, na conta. "Queremos que a água chegue às casas e, também, que o valor da tarifa seja acessível", pondera Jonail.

Para o vice-presidente da Ucamb, Moacy Alves Carvalho, o "Jota", o problema crucial está na constante falta de água em dezenas de bairros da cidade, em especial nos mais pobres. Ele recorda que existem situações em que a água não sobe nas caixas de água elevadas, em casas de bairros da periferia, há anos. "Infelizmente é a dura realidade. Em muitos casos, a água até chega às residências, mas", critica Jota Carvalho.