segunda-feira, 19 de maio de 2008

Falta de segurança: o povo atrás das grades






Com grades e portas fechadas, assim é que funciona o comércio na principal avenida do bairro Jardim Florianópolis em Cuiabá. "As pessoas de bem aqui vivem presas e os ladrões soltos por aí", diz Joaquim Dias dos Santos, conhecido como Baiano morador do bairro há 16 anos. O morador reclamou da violência e sentimento de insegurança que ronda no bairro.

Segundo Baiano, todos os pequenos comércios do Florianópolis atendem atrás das grades de segurança nas portas. Baiano revela que não é mais possível sentar-se na cadeira em frente à sua "vendinha" para bater papo e ver os moradores passar.

"Um dia desses parou um ônibus aqui na frente que estava sendo assaltado. Minha mulher tava sentada aí, quando viu que o povo do ônibus saindo correndo, ela gritou que era assalto e correu para dentro", conta.

Baiano afirmou que sua esposa fica sozinha no mercado durante o dia e que por isso resolveu colocar grades, para aumentar a segurança da família no local. Além da situação de insegurança que assola as famílias, de acordo com ele, o policiamento no local é ruim.

"Os policiais aparecem aí lá pelas 9 horas da manhã, passam aqui na rua de viatura correndo. Quando vai ver, já foi. Mas a noite que é bom, não tem polícia aqui" reclama acrescentando outra falha da segurança: "e esse 190, a gente liga e eles nunca vem, eles perguntam se alguém morreu se a gente fala que não, eles não tão nem aí", critica.

A realidade no local é alarmante, não existe centro de policiamento no bairro e quando surge alguma ocorrência grave, os moradores, recorrem ao posto de atendimento do Jardim Vitória ou também utilizam o número de emergência da polícia, 190.

De acordo com o responsável pelo policiamento da região, o Coronel Osmar Farias, o maior problema enfrentado na central de atendimento por telefone são os trotes.

"A própria comunidade liga e passa trote, não é concebível que em 24 horas a cada 300 solicitações de viaturas, 250 sejam solicitações de vândalos. Por isso que quando o cidadão liga é necessário fazer uma série de perguntas e o cidadão fica revoltado", explica.

Segurança, uma “utopia”, diz coronel

Segundo Farias o problema do patrulhamento no local não seria pela falta de policiais e que, ao contrário do que os policiais dizem, "a polícia tem feito patrulhamento, mas uma coisa que nunca vai acontecer é acabar com a criminalidade, podemos baixar os índices, mas acabar é uma utopia. Nenhum país do mundo conseguiu", alega Farias.

O coronel Farias acredita que o problema não é da polícia "temos mais de 30 mil vendas, aproximadamente mil ruas. O estado não pode comprometer sua folha só para pagar policiais. O estado tem que progredir, cuidar de saneamento e uma série de outras coisas. A orientação é que as pessoas procurem fazer sua parte também na segurança".

E quando ele é questionado sobre a situação alarmante enfrentada pelos moradores acrescenta "não digo para as pessoas ficarem trancadas dentro de casa, mas que a pessoas devem adotar suas medidas de segurança. Tem horários que são mais perigosos. Isso não é apenas um caso de polícia, antes tem vários outros recursos para seguir, polícia é o último recurso do cidadão”, conclui.