quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Por nova imagem, Maggi estuda aperto ambiental com "Lei do Clima"



Mais um pouco e o governador Blairo Maggi vai se tornar o ambientalista número um do Brasil. O que pode parecer uma ironia para quem chegou a ser satanizado no mundo todo como o maior devastador de florestas. Alguns dias nos Estados Unidos, debatendo a Amazônia e temas ambientais com autoridades, políticos, ambientalistas, estudantes etc., o governador voltou convicto de que Mato Grosso pode contribuir mais com a preservação do mundo. Nesta quinta-feira, ao fazer um balanço do período americano, ele anunciou que o Governo deverá apresentar, já no ano que vem, uma proposta de Lei Estadual de Mudanças Climáticas.

É isso mesmo! Lei Estadual de Mudanças Climáticas, ou algo parecido com isso. O projeto tem como finalidade nortear políticas públicas visando o ordenamento da exploração das matrizes energéticas no Estado. Será um passo concreto, definitivo, sobre o que o mundo há anos vem discutindo em rodadas e mais rodadas de negociações e com protocolos pouco eficazes. O esboço da legislação de Mato Grosso pela redução de emissão de CO² deverá, inclusive, consumir boa parte dos debates a serem travados no Global Katoomba Meeting, que será realizado em Cuiabá. O evento, reunindo cientistas do mundo inteiro, é organizado pela Forest Trends.

Ao relatar detalhes de sua nova passagem pelos Estados Unidos, Maggi não escondeu de ninguém que o título de “moto-serra de ouro” que lhe foi concedido pela ONG Greenpeace, o incomoda. Incomoda e o persegue, mesmo se esquivando dele. O governador sustenta que o título cabe ao conjunto do Estado e, por conseqüência, acaba em suas mãos como governador – embora nunca tenha tocado no troféu estilizado. Ou seja: dorme tranqüilo por acreditar que o título não tem qualquer ligação com suas atividades empresariais no ramo de agronegócio. Nos debates com os ambientalistas, Maggi disse ter notado que há resistências sem diálogo, o que fez chamar a atenção de uma platéia: “Eu estou aqui desarmado” – disse, pedindo debates de soluções eficazes para o problema da proteção das florestas. “Precisamos de soluções inovadoras e não de soluções conservadoras” – disse, com efeito.

A lei que pretende apresentar ao debate com a comunidade científica internacional será, em verdade, um passo é decisivo na marca "Blairo Maggi" no mundo. Primeiro, pelos resultados práticos que se pretende conseguir com isso, preservando o meio ambiente, especialmente a Amazônia mato-grossense de novos desmatamentos e, também, da própria economia geral, a partir do fomento de novas idéias para substituição das tradicionais matrizes energéticas. Segundo porque vai permitir apresentar à comunidade internacional mais uma “ação efetiva” de um Governo que crê na possibilidade de avançar nas fronteiras agrícolas, combater a fome e dar sentido de vida para o mundo.

O desmatamento não é, segundo o governador, o maior problema que afeta a relação do homem com a natureza e suas transformações, resultantes de tantas tragédias. “É apenas um lado do problema” – explicou. Segundo ele, há questões que precisam ser debeladas. Citou, como exemplo, a questão da queima de combustíveis fósseis em automotivos e na indústria. Adiantou que, pelo lado de cá do Brasil, pretende reduzir, por exemplo, o uso de energia produzida por hidrelétricas. Todos os prédios públicos a serem construídos passarão a ter, obrigatoriamente, armazenamento de energia solar. Pelo clima de Cuiabá, isso não será problema,evidentemente. “Fica mais caro, mas é uma solução” – disse.

Fundamentalmente, porém, Maggi considera que a Lei das Mudanças Climáticas para Mato Grosso deve contemplar questões específicas como o fomento e o financiamento de receitas destinadas a pesquisa científica e tecnológica. Ele enfatizou que a regra serve para o mundo todo. “Ninguém quer deixar seu carro na garagem e ninguém quer deixar de andar de avião. Ninguém abre mão do conforto ou mudar sua forma de viver” – observou. Maggi acha que está correto isso. Considerado, no entanto, a necessidade de se criar plataformas desenvolvimentistas que possam manter os atuais privilégios de conforto humano com a redução de tantos gases atualmente “jogados” na atmosfera – fator resultante do aquecimento global.

Dentro de seus novos conceitos eco-econômicos, Maggi vê de forma diferente, agora, o jeito que trata do abastecimento mundial de alimentos. Em passado não muito distante, o governador provocou a ira mundial dos preservacionistas, ao dizer que era preciso desmatar para produzir. Foi um Deus nos acuda. Chegou a ser chamado de homem com “idéias toscas”. Nesta quinta-feira, Maggi surpreendeu ao destacar que o problema dos alimentos está ligado diretamente ao protecionismo econômicos das grandes potências produtoras. “Existe sobra de alimentos no mundo – frisou, ao atacar o Acordo Geral das Tarifas e Comércio, o GATT, e suas bases que deram origem a formação da Organização Mundial do Comércio (OMC). O que falta é dinheiro para o mundo comprá-lo”.

Maggi está alicerçado em bases ambientais. Não esconde sua irritação quando o assunto é desmatamento. De imadiato, saca os números para mostrar que o Estado desmatava 11 mil quilômetros quadrados ao ano, em 2003. Agora, são apenas 3 milhões. “Somos grandes produtores, mas sabemos preservar” – garante. Segundo ele, existem formas mais danosas de poluição que o desmatamento. “Não dá para ficar discutindo mês a mês, se aumentou 2% ou 5%” – disse, ao destacar os avanços obtidos na base de licenciamento, na legalização das atividades florestais e nas perspectivas do MT Legal. A ponto de se certificar que hoje o governador de Mato Grosso mantém boas relações com as ONGs.