quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Em vários bairros situação é caótica e maior preocupação é que com chuvas problemas aumentem

Moradores se revoltam com obras inacabadas



Caroline Rodrigues
Da Redação

Obras inacabadas de pavimentação prejudicam a locomoção de pessoas nos bairros de Cuiabá. A dona de casa Maria Nilda Rodrigues, 47, é uma das vítimas desta morosidade do poder público. Ela tem uma filha cadeirante e não consegue sair de casa há 4 dias por causa dos entulhos deixados na calçada, no bairro Três Barras.

Ela tem o corpo franzino e precisa movimentar a menina de 13 anos sozinha. As rodas ficam travadas nos montes de areia e resto de construção. Quando ela tenta empurrar a cadeira, a filha pede cuidado porque tem medo de cair.

Nem mesmo o serviço de transporte Buscar, que atende os deficientes físicos, consegue chegar até a casa de Maria Nilda. O microônibus é acionado para levar a menina para o tratamento médico, que deixou de ser realizado de maneira periódica devido ao obstáculo.

A vizinha dela, Elizanete Tereza Silva, 42, conta que na manhã de ontem Maria Nilda pegou uma enxada para tentar minimizar o problema. Ela ficou comovida com a situação e exigiu que os trabalhadores da empresa, que estavam sentados em baixo de uma árvore, tirassem pelo menos o excesso deixado pelas máquinas durante a terraplenagem. "É uma vergonha ver uma senhora fazendo o trabalho pesado, enquanto os homens ficam assistindo".

Na rua 19, o trabalho começou há 8 meses e ainda não acabou. O asfalto é feito em uma "operação tartaruga", sendo que parte dos maquinários estão estacionados no local desde sexta-feira (1).

Os responsáveis da obra alegam que não há massa asfáltica. Eles também relataram aos moradores que a Prefeitura não fez o pagamento.

No mês passado, os moradores fizeram um protesto e interditaram o acesso à rua, que estava apenas com uma camada de selante. O marido de Elizanete precisa deixar o carro na casa de uma amiga da família porque não tem condições de chegar com um veículo na casa, que está com a calçada destruída.

Na rua 29, uma máquina de aplicação de massa asfáltica está parada no meio da rua. O mestre de obra Garcias Justino da Silva, 38, explica que não sabe como resolver o problema. Ele já ligou para a Prefeitura e não conseguiu nenhuma resposta. O morador afirma que além de ser um obstáculo, as obras levam poeira para dentro das casas.

Outro problema da comunidade são os canos da distribuição de água. A tubulação está se rompendo com facilidade depois do funcionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Tijucal. O Serviço de Saneamento da Capital (Sanecap) faz a manutenção e deixa o buraco aberto. A empresa que faz o asfalto é obrigada a refazer a terraplenagem do local atingido.

Em pontos onde não há nenhuma empresa trabalhando, as valas ficam abertas. Na avenida A, principal do bairro, uma abertura, localizada na curva, está sem cobertura há mais de 2 semanas. Quando chove, o canal fica cheio de lama.

O assessor parlamentar Olinto das Dores Magalhães, conta que uma carreta entrou na rua, no momento que a tubulação rompeu. O chão cedeu e o veículo tombou. Depois do fato, o motorista de um caminhão pipa e vários motociclista foram vítimas da falta de acabamento do serviço de manutenção. "Quando ligo para Sanecap, eles dizem que a função é da Prefeitura. Quando ligo na Secretaria Municipal de Obras, eles dizem que preciso falar com a Sanecap. É um jogo de empurra-empurra"

Carumbé - No bairro Carumbé, as pessoas também reclamam da falta de conclusão da obra. A comerciante Luzia Maria da Silva, 30, assegura que as obras começaram com "força total", mas a empresa recapiou apenas uma das pistas. A outra aguarda a finalização há mais de 20 dias.

A rua estava cheia de buracos e como houve várias operações de tapa-buraco, não tinha condições de manter a regularidade do pavimento. Quando a operação teve início chegou a deixar os comerciantes entusiasmados. A empresária Lorene Pessoa Pereira, 30, diz que o encarregado da obra informou que paralisou temporariamente porque os funcionários deveriam fazer o serviço apenas no final de semana, por causa do grande fluxo de veículos. Depois, ele deixou as máquinas em um terreno próximo por mais 15 dias e em seguida retirou. Agora, não há expectativas quanto a conclusão.

Jardim Itália - O canteiros centrais da avenida Itália, no bairro de mesmo nome, foram abandonados após a última obra de construção das galerias de águas de chuva. O local foi revirado e depois a empresa retirou apenas o excesso.

O serviço foi precário e os moradores não conseguem mais atravessar a rua. O período das chuvas preocupa, já que a área será tomada pela lama.

A falta de zelo no acabamento também pode ser observada na avenida das Torres. A rotatória, que dá acesso a avenida Itália, está com as calçadas cheias de entulho e as bocas de lobo sem tampa. Os pedestres têm dificuldade na locomoção e precisam andar no meio da pista, correndo risco de acidentes.

Outro lado - O secretário Municipal de Infraestrutura, Euclides Santos, informou que precisa fazer um levantamento para falar sobre o assunto e só tem condições de responder sobre a paralisação das obras, bem como o reparo do serviço de manutenção da rede de água hoje.