quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dengue, por que não conseguimos controlá-la?

Dengue, por que não conseguimos controlá-la?

Romildo Gonçalves


Dengue, o que é isso? Dengue é uma doença febril, eruptiva, infecciosa, aguda, caracterizada por febre, dores musculares e ósseas, causada por um vírus filtrável e transmitida por um mosquito denominado Aedes aegypti. O ovo desse mosquito pode permanecer por até 450 dias em estado de latência fora da água, antes de eclodir e dar origem a um novo ser. Dengue também pode significar melindre, derretimento, afeminação. Porém no caso específico em que estamos vivendo em Cuiabá e por extensão na maioria das cidades mato-grossenses significa desleixo, falta de higiene, falta de educação, falta de respeito do cidadão que não cuida do que é seu, falta de informação ao cidadão por parte do poder público, desorganização da sociedade humana que desconhece seus direitos e deveres, e principalmente incompetência dos gestores públicos que não fazem o dever de casa, não limpando praças e logradouros públicos focos de concentração de lixo e doenças de toda natureza. Todos!

Poder público e cidadãos têm o dever e a responsabilidade de saber viver em comunidade, respeitando as regras do jogo. Além disso, se nos uníssemos para combater com eficiência esse intruso, certamente evitaria que as populações de mosquitos continuassem a se alastrar na capital e na maioria das cidades que compõem os 141 municípios mato-grossenses. Na década de noventa o estado de Mato Grosso passou pela maior concentração de focos de calor já registrado no país (queimada e incêndios florestais), ou seja, fogo na vegetação tanto na zona rural como no perímetro urbano. Orientado pelo governador do estado Jaime Campos, criamos e implantamos o primeiro núcleo de educação ambiental do estado, produzimos material educativo/informativo, e orientamos a população humana mato-grossense sobre os perigos do fogo florestal descontrolado, e como utilizá-lo racionalmente.

Hoje a questão do fogo florestal no estado de Mato Grosso é um fato de senso comum e praticamente já superado. Se todos tivessem responsabilidade individual e coletiva da utilização racional do meio ambiente certamente não estaríamos passando por uma situação vexatória, vergonhosa e descabida como a que ora estamos vivendo. No mundo capitalista a legislação não proíbe os cidadãos de ter bens materiais, no caso em epígrafe lotes, terrenos e demais espaços físicos para valorização imobiliária ou construção moradias. Porém para se ter esses bens é necessário respeitar direitos e deveres das comunidades e nas comunidades.

Leis orgânicas municipais determinam que proprietário de imóveis tenha que manter esses espaços limpos e cercados para evitar proliferação de insetos e doenças. Se prefeitos e o governo atual seguissem, por exemplo, modelos de orientações didático/pedagógicas e técnicas adotadas no controle do fogo florestal, feito na década de noventa, para prevenir ou até mesmo combater a epidemia de dengue que hoje assola a capital e o estado de mato grosso. Seguramente muitas vidas humanas não teriam sido ceifadas numa questão tão primitiva. E certamente essa pandemia não teria se instalado no estado. Todavia precisamos acreditar num amanhã futurista, que certamente virá.

Romildo Gonçalves é biólogo, mestre em Educação e Meio Ambiente, especialista em queima controlada, doutorando em Agric-Tropical/UFMT. E-mail: romildogoncalves@hotmail.com