terça-feira, 23 de setembro de 2008

Estado alerta pra necessidade de continuar combatendo a Dengue em MT


Mosquito AEDES-AEGYPTI - Mato Grosso registra redução de 41% nos casos dengue
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) registrou 10.639 notificações de Dengue no Estado, de Janeiro a Setembro de 2008, segundo informações da Vigilância Epidemiológica da SES/MT. Em 2007, no mesmo período, foi registrado um total de 18.179 notificações de casos. O número representa uma redução de 41%, de 2007 para 2008. O número de casos de Febre Hemorrágica de Dengue (FHD) também sofreu queda. Em 2007 foram registrados 16 casos, com 8 evoluindo para óbito. Já neste ano foram registrados 5 casos, com dois óbitos.

Apesar do avanço que o Estado vem obtendo em 2008, no controle da doença, a Saúde alerta a população para a chegada das chuvas, de Outubro a Abril, quando aumenta a oferta de recipientes com água limpa e parada no ambiente, contribuindo para maior proliferação do mosquito transmissor da Dengue (Aedes Aegypti).

“Estado e municípios necessitam continuar eliminando criadouros para a redução dos níveis de infestação do vetor, buscando a manutenção da redução dos casos notificados”, disse a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Dengue, Maria de Lourdes Girardi.

Ela acrescentou que “é bom lembrar que os depósitos de água para consumo humano devem sempre estar bem fechados, pratos e vasos de plantas devem ser preenchidos com areia, de modo a evitar que os mosquitos ponham ovos neles, que não se deve deixar água limpa e acumulada em qualquer local por mais de três dias, e que pneus, garrafas, potes, baldes, todos devem ser guardados em local abrigado, fora do alcance da chuva. Esses são alguns dos cuidados simples, básicos e necessários no controle da doença”.

Outras medidas preconizadas são: lavar semanalmente, por fora e por dentro, com escova e sabão, tanques utilizados para armazenar água, jogar em sacos de lixo que serão fechados todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes, latas, copos, garrafas vazias e etc.

Quanto aos sacos de lixo devem sempre estar bem fechados e fora do alcance de animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana, sendo o lixo colocado em sacos plásticos e a lixeira mantida bem fechada. Não se deve jogar lixo em terrenos baldios.

Deve-se remover folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas, não deixando a água da chuva acumulada sobre a laje. Se não colocou areia e acumulou água no pratinho de planta recomenda-se lavá-lo com escova, água e sabão uma vez por semana. Estas são medidas altamente recomendáveis.

Segundo a Coordenadora, o Estado de Mato Grosso já vem desenvolvendo várias ações no monitoramento da Dengue, prevendo o período chuvoso em que aumenta o número de casos. Neste ano já foram realizadas capacitações para médicos multiplicadores para o manejo clínico de pacientes graves.

Nos últimos dias 15 e 16 de Setembro foi realizada a capacitação para os profissionais que atuam em Vigilância Epidemiológica da Dengue. A primeira Regional a participar foi a do Escritório Regional de Saúde de Sinop.

Já está previsto, para os dias 29 e 30 a continuidade das capacitações, contemplando as Regionais de Saúde de Cáceres e Pontes e Lacerda, municípios de abrangência e e outras categorias profissionais como Coordenadores, Supervisores, Agentes de Endemias e Motoristas, visando a melhoria da qualidade das ações para o controle do vetor.

E estão sendo desenvolvidas ações de monitoramento e acompanhamento dos dados das Vigilâncias Epidemiológica e Ambiental para subsidiar a execução das ações apropriadas de prevenção e controle. Também será feita a distribuição, para profissionais enfermeiros e médicos do “Manual de Diagnóstico e Manejo de Pacientes com Dengue”, adulto e criança.

“Em nível organizacional, estamos elaborando, em parceria com os municípios prioritários, os Planos Municipais de Contingência na assistência de casos graves de Dengue, para aprovação das Comissões Intergestoras Bipartites (CIBs) regionais”, explicou Maria de Lourdes.

Dentre as ações desenvolvidas pela Saúde do Estado para o monitoramento e avaliação, a Coordenadora fez questão de destacar a realização da Reunião Estadual de Avaliação do Programa de Controle da Dengue, com participação da SES, dos municípios prioritários e do Ministério da Saúde.

Além disso, outras ações são desenvolvidas como a manutenção e distribuição, aos Escritórios Regionais de Saúde, de equipamentos e insumos destinados ao controle do vetor nos municípios de abrangência.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Irresponsabilidade da Sanecap por colapso de água sacrifica mais de 5 mil famílias em Cuiabá


Pelo menos 20 mil famílias de Cuiabá, a maioria nas regiões da Grande Morada da Serra (Norte) e Pedra 90 (Sul), estão sem abastecimento de água da Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap) até mesmo para as necessidades essenciais. Além do quadro desesperador de não dispor do precioso líquido sequer para beber ou cozer, há o agravante das doenças respiratórias, especialmente nas crianças, por causa do tempo seco, poeira e queimadas.

Levantamentos preliminares de técnicos da extinta Companhia de Saneamento do Estado (Sanemat), a pedido da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb), revelam que, se a Prefeitura de Cuiabá tivesse investido, nos últimos três anos, ao menos 25% do prometido, em 2004, a situação seria menos grave. "O que ocorre é uma irresponsabilidade tanto da prefeitura quanto da Sanecap", avalia o vice-presidente da Ucamb, Moacy Alves Carvalho.

A situação é dramática na região apelidada por líderes políticos como 'pentágono da miséria', que vai do Altos da Glória até o Doutor Fábio II, passando pelo Jardim 1º de Março e 2ª etapa do Três Barras, entre outros bairros. Por conta disso, líderes comunitários do Altos da Glória e outros bairros realizaram, na manhã desta quinta-feira (04/09/08), protesto para exigir que a Sanecap resolva o problema.

"O prefeito veio aqui, há mais de um ano, e prometeu que, em dezembro, viria tomar banho conosco... até hoje, ficou na promessa", reagiu o líder comunitário Luiz Estevão Moreira, do Altos da Glória.

A caixa de água da residência do zelador Benedito dos Santos Soares, 61 anos, no Altos da Glória, só tem poeira há mais de uma década. "Nunca subiu água na caixa de cima, mas, agora, vem tão fraco, que nem mesmo a caixa de baixo está enchendo", argumenta Santos Soares, pai de oito filhos, dos quais dois são menores. Ele percorre cerca de três quilômetros para pegar dois galões de 20 litros, cada, na 'Bica do Três Barras', no fim da Avenida Sabiá, divisa com a quarta etapa do CPA-IV.

Para o pedreiro aposentado João Paulo de Oliveira, 71 anos, pais de 10 filhos, o caso é muito mais grave: com problemas de coluna, ele ainda é obrigado a percorrer mais de 800 metros com galão de água nas costas.

A estudante Gisélia Alves de Oliveira, 22 anos, mãe de dois filhos, sendo que a caçula é a pequena Karine, de nove meses, percorre dois quilômetros da segunda etapa do Três Barras até a 'bica', duas vezes ao dia. "É muito sofrimento", reclama Gisélia Alves, que, sem qualificação exigida pelo mercado de trabalho, desde 2006 não consegue arranjar emprego.

O mesmo sofrimento passa Alessandra da Conceição, 26, mãe de dois filhos e que, também, cria dois filhos da irmã. "Só Deus para olhar pela gente. Não temos água nem pra beber", reclama Alessandra.

História triste mesmo é das irmãs Maria Augusta da Silva, 73, Amélia da Silva, 84, e Luzia de Oliveira, 86, que vivem sob o mesmo teto no Altos da Glória. Sem uma gota d'água na caixa elevada.

Todas têm problemas de saúde que vão de osteoporose até diabetes, passando por 'bico de papagaio' na coluna e pressão alta, entre outros. "A luta é diária para conseguir água. Às vezes a gente compra, mas nem sempre tem dinheiro. A minha filha ajuda, mas a falta de água é uma verdadeira tortura", resume Maria Augusta.